Uma história de cinema e censura durante a ditadura brasileira: entrevista com Tereza Trautman

O trabalho da cineasta Tereza Trautman foi perpassado pela emergência das reivindicações de emancipação e igualdade para as mulheres, principalmente na década de 1970. Enquanto o governo militar brasileiro e seu órgão de censura tentavam moralizar a sociedade e manter as mulheres em seus papéis priv...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Published in:Estudos feministas 2015-12, Vol.23 (3), p.839-860
Main Author: Veiga, Ana Maria
Format: Article
Language:eng
Online Access:Get full text
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:O trabalho da cineasta Tereza Trautman foi perpassado pela emergência das reivindicações de emancipação e igualdade para as mulheres, principalmente na década de 1970. Enquanto o governo militar brasileiro e seu órgão de censura tentavam moralizar a sociedade e manter as mulheres em seus papéis privados, tradicionalmente estabelecidos, Tereza Trautman pegou a câmera e buscou criar novas representações para elas no cinema. De maneira radical, seu trabalho adquiriu agenciamento, questionando de modo irreversível o lugar das mulheres, na proposta de uma nova sociedade. A tesoura da censura atravessou definitivamente sua carreira e a cineasta viu, um após o outro, seus projetos profissionais naufragarem. Os homens que eu tive, seu filme mais polêmico, está no centro do interesse desta entrevista, que abre espaço para uma narrativa, que é também um desabafo de uma geração de mulheres que buscaram estratégias de sobrevivência profissional e de expressão durante os anos de ditadura. Filmmaker Tereza Trautman's work was crossed by the emergency of emancipation and equality for women vindications, mainly in the 70's. While Brazilian military government and its censorship organism tried to moralize society and to keep women in their private role traditionally established, Tereza Trautman took the camera and sought to create new representations for them into the cinema. In a radical way, her work acquired agency, questioning in an irreversible way women's place, in the purpose of a new society. The censorship scissor crossed definitely her carrier and the director saw, one by one, her professional projects sinking down. Os homens que eu tive, her more polemic film, is in the main stream of this interview, which opens a space to a narrative that is also an outflow of a women's generation which looked for professional survival and expression strategies during the Brazilian dictatorship years.
ISSN:0104-026X
0104-026X